Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.
E na perspectiva
Da vida futura
Erguei em carne viva
Sua arquitetura.
Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo.
(Um templo sem Deus)
Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
Entrai irmãos meus
(Vinicius de Moraes)
Os poemas são pássaros que chegam
Não se sabe de onde e
Pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
Como de um alçapão.
Eles não têm pouso
Nem porto
Alimentam-se um instante em cada par de mãos
E partem.
E olhas então, essas tuas mãos vazias,
No maravilhado espanto de saberes
Que o alimento deles já estava em ti . . .
(Mário Quintana)
A delícia das palavras,
Por letras se harmoniza;
Na alma se eterniza
Como se fazem nas lavras.
Que venha a fama e a glória
Justificar e louvar ! . . .
Um novo filho a chegar,
Renova a vida e a história.
Livro nato em poemas,
Dueto, ou não, que mal há ?
Escreve quem saberá
Que LAÇOS e diademas,
São ornamento real
Das damas de Portugal.
(Manuela Barroso - Tereza Gonçalves)
Onde moras Liberdade ?
És surpreendida pelo bolor
dos sorrisos bafientos
Rasgando-se nos mofos
de bocas sem memória
Definhando falsidade
vazias, sem história
Só lama e lodo
na trajetória.
Manuela Barroso