Quando as estrelas sorriam,
Quando as campinas tremiam
Nas dobras do úmido véu?
E nossas almas unidas
Estreitavam-se sentidas,
Ao langor daquele céu ?
Os regatos soluçavam,
Os pinheiros murmuravam
No viso das cordilheiras,
E a brisa lenta e tardia
O chão raivoso cobria
Das flores das trepadeiras.
Teu seio era como a lira
Que chora, canta e suspira
Ao roçar da leve aragem;
Teus sonhos eram suaves
Como o gorjeio das aves
Por entre a escura folhagem.
Ó primavera sem termos!
Brancos luares dos ermos!
Auroras de amor sem fim!
Fugiste, deixando apenas,
Por terra, esparsas as penas
Das asas de um serafim.
(TEXTO DE FAGUNDES VARELA)
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