Carlito aparece não se sabe de onde nem como. Nada o prende a lugar nenhum. Vive de qualquer modo, contra todos os impecílios. Viive apertado dentro de um fraque muito usado, Mal coberto do sol ou da chuva por um pobre chapéu-coco, nada mais possui, a não ser a bengalinha torta. Cada esperança resulta sempre a cada nova derrota. Conhece todos os empregos. . . pugilista, pintor, dançarino, patinador, garçom, ator, dentista, carregador, porteiro, maquinista, repórter, violinista, bombeiro, simples emigrante, soldado ocasional, ilusionista consciente, falso pastor de almas, mineiro, palhaço, minerador de ouro, atravessa entre fintas e piruetas os abafados gemidos de verdadeira dor e do sofrimento humano.
Carlito é desajustado, incapaz, vagabundo eterno, pacato, quase um covarde, mas é realista e sonhador. Seu coração está sangrando como o nosso, porque este é o eterno sofrimento humano, o sofrimento de todos nós.
(Texto de OTÁVIO DE FARIA, que procura descrever a personagem CARLITO, que aparece nos
filmes de Charles Chaplin).
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