Por tanto tempo, desvairado e aflito,
Fitei aquela noite o firmamento,
Que ainda hoje mesmo, quando acaso o fito,
Tudo aquilo me vem ao pensamento.
Sai, do meu peito o derradeiro grito,
Calcando a custo, sem chorar violento,
E o céu fulgia plácido e infinito,
E havia um chôro de rumor no vento. . .
Piedoso céu, que a minha dor sentiste!
A áurea esfera da lua o acaso entrava,
Rompendo as leves nuvens transparentes;
E sobre mim, silenciosa e triste,
A via-láctea se desenrolava
Como um jôrro de lágrimas ardentes.
( Autor. OLAVO BILAC )
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